Ágeis e, em grande parte das vezes, ambiciosos, os jovens têm algumas características que vão ao encontro das necessidades do mercado de trabalho atual. Mas muitos ainda deixam a desejar em relação a alguns aspectos, segundo o headhunter Felipe Brunieri, da Talenses.
“Em perfis mais jovens, as empresas têm sentido falta de algumas habilidades técnicas e comportamentais”, diz ele com base no feedback de empresas clientes.
Confira as principais queixas, segundo ele:
- Inglês não fluente
Esta é principal queixa das empresas, segundo o headhunter. Mesmo com boa capacidade de leitura e compreensão do idioma, tropeços na hora da conversação são bastante frequentes, sobretudo, entre profissionais da área comercial, de TI e também de engenharia.
“Nas áreas de finanças, fusões e aquisições, relações internacionais e marketing há mais pessoas com inglês fluente”, diz Brunieri.
Na opinião de Diego Leão, fundador do Personal Carreira, estudar o idioma é uma das dicas mais importantes para quem quer começar bem na carreira.
“Inglês fluente é um dos requisitos para participar dos grandes programas de trainee que são trampolins para a carreira dos jovens. É só ver o número de executivos de sucesso que foram trainees”, diz.
- Conhecimento superficial
A “geração Google” encontra dificuldades na hora de aprofundar em temas mais técnicos, segundo Brunieri.“O acesso à informação é fácil, mas a profundidade desta mesma informação não é considerável”, diz o headhunter da Talenses. De acordo com ele, o problema é mais crítico em setores técnicos e de suporte em finanças, TI e engenharia.
O foco nos pontos fracos, em vez da atenção aos talentos naturais, é um erro comum, segundo Diego Leão. “Vejo muitas pessoas preferindo estudar assuntos em que têm mais dificuldade. Sempre digo que é mais importante investir nos pontos fortes, ou seja, explorar e se aprofundar naquilo que gosta e que vai bem”, diz.
- Falta de concentração durante o expediente
A queixa é antiga e muitos a consideram bastante antiquada. Mas ainda há empresas que consideram redes sociais e aplicativos de mensagens os vilões da produtividade da geração Y. “O jovem precisa estar 100% conectado e isso pode atrapalhar, na opinião de alguns gestores”, diz.
Esta pode ser até uma reclamação exagerada, no entanto, é fato que o sucesso chega mais cedo para os proativos que não perdem tempo, segundo o fundador do Personal Carreira.
- Expectativa de crescimento descolada da realidade
A vontade de crescer na carreira é vista com bons olhos pelo mercado. A ambição exagerada, não. “O problema surge quando ela não está de acordo com o que empresa tem a oferecer”, diz Brunieri.
Por isso, na hora de traçar metas e objetivos de carreira, o jovem deve levar em conta o tempo médio necessário para fechar ciclos e evoluir profissionalmente.
E esse aspecto varia de acordo com o segmento, de acordo com Brunieri. Indústrias de base, setor bens de capital e de mineração são tradicionalmente mais conservadores em relação ao tempo necessário para ser promovido, segundo o headhunter.Já empresas de tecnologia e do mercado financeiro permitem ascensão (principalmente salarial) mais rápida.
“Existem etapas que devem ser cumpridas, porque as oportunidades aparecem para quem está, de fato, preparado”, diz Leão.
- Pouco comprometimento com a empresa
Uma das principais preocupações dos departamentos de recursos humanos é em relação à alta rotatividade de pessoas. Na visão das empresas, jovens trocam de emprego, muitas vezes, diante do primeiro conflito profissional.
Do lado da geração Y, mais relevante do que o comprometimento com a empresa, é participar de projetos que façam sentido, diz Brunieri. A relação com o gestor direto também ganha relevância, segundo ele.
Assim, para evitar frustrações, a recomendação é olhar para estes aspectos antes mesmo de vestir o crachá de funcionário.
Isso porque, quando as mudanças de emprego são constantes, há que se levar em conta o risco para a carreira: o carimbo de profissional volátil.
Fonte: Exame