Molhos para saladas, suco industrializado e produtos sem glúten são alguns exemplos de comidas vendidas como saudáveis, mas que podem ser recheadas de açúcar e gordura
Está tentando perder alguns quilos e, mesmo seguindo uma alimentação balanceada, não vê resultados na balança? É melhor rever o seu cardápio. Alguns alimentos considerados saudáveis podem, na verdade, sabotar a dieta.
“Não é porque está escrito no pacote que é saudável, light ou sem gordura que o produto realmente é uma boa opção para a dieta. Ele pode ter menos calorias, por exemplo, mas ser cheio de sódio ou gordura”, diz Celso Cukier, nutrólogo do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O ideal é, em vez de ceder ao apelo comercial, ler o rótulo e a composição dos alimentos antes de colocar um produto no carrinho.
Um exemplo de comida da moda que pode não oferecer benefício nenhum à dieta são os alimentos sem glúten, fabricados para celíacos, que de fato não podem ingerir a proteína. “Não vai fazer diferença nenhuma para quem não tem doença celíaca, uma condição que afeta 1% da população”, afirma Cintia Cercato, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Confira nove produtos que têm fama de saudáveis, mas na verdade não são.
Pão integral
A embalagem pode até dizer que o pão é integral, mas diversas vezes o produto contém mais farinha branca do que integral. De acordo com a endocrinologista Cintia Cercato, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), para saber se não está comprando gato por lebre, certifique-se que o primeiro ingrediente listado no rótulo é a farinha integral. “Além disso, olhe o conteúdo de fibra por porção. Se tiver entre 3 a 4 gramas, pode comprar”, diz.
Agave
O néctar de agave é extraído da planta que leva o mesmo nome e é a base da tequila. Divulgado como um adoçante mais saudável que o açúcar, o produto é composto por 85% de frutose. “Ele é, sim, uma fonte energética alternativa. Porém, é altamente calórico e, em grandes quantidades, faz mal ao organismo”, afirma Celso Cukier, nutrólogo do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A frutose em excesso aumenta a resistência à insulina e em longo prazo pode ser um fator de risco ao diabetes. Além disso, um recente estudo constatou que a frutose provoca reação no cérebro que aumenta o apetite mesmo depois de consumir muitas calorias.
Alimentos sem glúten
Eliminar o glúten da dieta virou moda para quem quer perder peso, mas não existem evidências de que tirar essa proteína da mesa ajuda a diminuir o ponteiro da balança. “Para quem não tem doença celíaca, que não pode comer o glúten, não faz sentido algum comprar esses alimentos. Eles têm tantas calorias quanto aqueles com glúten e simplesmente não fazem diferença na dieta”, diz Celso Cukier.
Margarina
Assim como apenas celíacos precisam de alimentos sem glúten, somente pessoas com colesterol alto necessitam trocar a manteiga pela margarina. E não é qualquer margarina, mas aquelas marcas que acrescentam fitosterol na sua composição. O fitosterol é um extrato natural do óleo vegetal que ajuda a controlar os níveis de LDL (o colesterol “ruim”) no sangue. Para quem não tem esse problema, não há qualquer vantagem em escolher a margarina no lugar da manteiga, ambas igualmente ricas em calorias e gordura. “A margarina ainda tem grande quantidade de gordura vegetal, que atua no processo de inflamação do organismo”, explica Celso Cukier.
Alimentos orgânicos industrializados
Bolinhos, biscoitos, geleias e molhos industrializados feitos com ingredientes orgânicos são ricos em açúcar, assim como os que não são orgânicos. Além disso, pelo fato de serem processados, perdem grande parte das vitaminas e fibras. Trata-se, portanto, de um produto com os mesmos malefícios dos concorrentes sem esse rótulo, com a desvantagem de ser mais caro.
Salgadinhos com baixa caloria ou pouca gordura
Segundo a nutricionista Márcia Fontes, coordenadora do Serviço de Nutrição do Hospital Norte D’Or, no Rio de Janeiro, salgadinhos industrializados anunciados como saudáveis induzem o consumidor ao erro. “A pessoa acredita que, por ter baixa caloria e pouca gordura, esses alimentos podem ser consumidos à vontade. A redução é, normalmente, de 25%, o que significa que ele ainda tem 75% de gordura”, afirma.
Sucos de fruta industrializados
Os sucos industrializados contêm a partir de 30% de polpa de fruta. “O restante, na maior parte, é açúcar. Durante a armazenagem, a bebida perde antioxidantes e vitaminas”, diz Celso Cukier. O suco light, por exemplo, tem menos açúcar, mas é rico em sódio, que causa a retenção de líquido.
Molhos para saladas
Molhos industrializados são ricos em sódio, gorduras saturadas e açúcares, que prejudicam a dieta equilibrada. “Temperar a salada com molhos naturais, como um pouco de azeite e sal, é mais saudável”, diz a nutricionista funcional Thaianna Velasco, da Clínica Helena Costa, no Rio de Janeiro. Uma dica é fazer um tempero com suco de limão, iogurte, um fio de azeite de oliva e, no máximo, 1 grama de sal.
Bebidas esportivas
As bebidas esportivas devem ser consumidas por pessoas que praticam pelo menos uma hora de atividade física intensa. Para quem faz menos que isso, a bebida pode causar pedras no rim, por ser rica em sódio e potássio. “Bebidas para atletas não podem substituir suco ou água. Elas não trazem benefício algum sem a prática de atividade física intensa”, diz Thaianna Velasco.
Fonte: Veja